quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

365 dias


Estava tentando escrever este post sobre o ano que passou, quando minha filha me interrompeu perguntando se podia gritar uma coisa da janela.

Ela sabe que não é hora de estar acordada, muito menos de gritar pela janela, mas pra não me desconcentrar disse que sim, sem tirar os olhos do monitor. - sou pai, puxa!

Com o fôlego preparado, pronta para soltar a voz, ela aborta a missão para perguntar: "Posso mesmo?

Seria inútil escrever com ela por perto, então voltei a atenção para a pergunta, que tinha uma certa  transgressão no ar, não só pelo horário, mas pelo que seria comunicado janela à fora.

Sei que nada justifica uma criança de 5 anos ficar gritando pela janela tarde da noite, mas pior seria se fizesse isso gritando alguma coisa que eu fosse me arrepender de ter autorizado.

Perguntei, então, o que ela pretendia gritar e ela me respondeu que era uma frase que acabara  de ouvir na tv.

Essa frase resumia o que eu ia escrever sobre a expectativa do ano novo,  retrospectiva do que passou, ano bom ou ruim, baseado no balanço dos acontecimentos, as metas a serem alcançadas no ano que está chegando...

Sobre isso, três coisas são certas:

.é certo que nos últimos 365 dias vivemos emoções produzidas por vários acontecimentos, e tantas outras serão produzidas pelos acontecimentos dos próximos 365 dias que virão;

.é certo também, que mesmo após os 365 dias passados, não aprendemos que não podemos ter o controle dos próximos 365 dias e

.como também é certo que as realizações dos desejos não é certa, mas podemos desejar para os próximos 365.

Eu desejo que os acontecimentos nesses dias tragam emoções boas e felizes, e mesmo as não tão boas venham nos ensinar, nos fortalecer, nos revigorar não só para o restante dos 365 dias, como para toda a vida. É o que desejo pra mim e pra você.

Então minha filha gritou satisfeita da janela da sala: "Adeus ano velho, feliz ano novo!"

Só não sei se os vizinhos ficaram satisfeitos assim.



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

só se for para enlouquecer







Um tempo atrás, voltava com meu enteado e um amigo não tão próximo dele, ambos por volta de 10 anos na época, de um lugar que eu não me lembro agora, e enquanto caminhávamos, me perguntaram o que era um corno.


Certamente deviam ter ouvido alguém ser chamado assim e não sabiam se era uma coisa ofensiva ou engraçada, já que, dependendo da situação, poderia ser uma ou outra, ou até as duas ao mesmo tempo.


Fiquei sem saber direito o que responder, porque achava que eles não precisavam ter contato tão cedo com assuntos de adultos e se decepcionar com as contradições do mundo de gente grande. 


Respondi de forma mais simples possível para crianças de 10 anos entender e para o assunto não render muito: 
_ Corno é um homem traído.
_ Traído pela mulher dele?
_ E por que que se traí?
_ Por um monte de razões, mas geralmente é porque gosta mais do que encontra em uma pessoa do que na outra.
_ Podiam, então, terminar com uma e casar com a outra.
_ É, podiam.
_ E por que não fazem isso?
_ Ás vezes até fazem, mas nem sempre.
_ Deve ser porque ter duas é melhor do que uma. - respondeu um dos moleques achando isso uma vantagem.
_ Só se for para enlouquecer. - pensei alto.
_ Enlouquecer por quê?
_ Porque aturar uma pessoa  já é difícil, quanto mais duas. Sem falar no trabalho pra esconder a traição.
_ Mas então, por que que se casam se é difícil aturar outra pessoa?
_ E por que traem, se dá trabalho trair?
_ Sei lá, pô! Tem gente que prefere correr o risco.
_ Você já foi corno?
_ Que eu saiba, não.
_ Mas se quem trai esconde que trai, e ninguém nunca te falou que você foi corno, então você pode ter sido também.
_ É... por isso que eu disse: "QUE EU SAIBA, NÃO."
_ E já traiu?
_ Quando era adolescente já. Não tinha muita maturidade...
_ E quando a pessoa trai não sendo mais adolescente?
_ É porque continua sem maturidade.


E a cada pergunta que eu respondia, gerava outras cada vez mais imperguntáveis, como as clássicas: "O que você faria se soubesse que é corno?"; "Se uma mulher toda boa quisesse ser sua amante, você trairia a sua mulher?"; "Você contaria pra algum corno que ele é corno?"; "O que você faria se quem te corneasse fosse o seu melhor amigo?";  "Você continuaria com uma pessoa mesmo sabendo que ela já te traiu?" ...


A palavra "corno" se repetindo a cada 5 segundos por 20 minutos dá uma irritação na testa mesmo de quem não é corno (ou pelo menos acha que não é) então encerrei o assunto:


_ Chega, pessoal! Já respondi o que era um corno, agora vamos mudar de assunto. 


Longe de cooperar, o amigo do meu filho apelou com uma revelação bombástica:
_ O meu pai é corno.
_ Que isso, garoto, ficou maluco? De onde você tirou isso? - perguntei querendo e não querendo saber.
_ A minha mãe já falou na cara dele.
_ Agora chega! Esse assunto acabou.
_ Mas é sério, teve uma vez...
_ Acabou, porra!



sábado, 17 de dezembro de 2011

carnaval esquecível



                  


Nos meus tempos de solteiro, fui uma vez passar o carnaval com uns amigos numa cidade que,  nesta época, virava  uma espécie de Salvador por causa da animação dos trios elétricos, blocos e muita azaração.

Ficamos na casa dos familiares de um dos amigos, que não se importavam com a bagunça que fazíamos, pelo contrário, parecia que casa cheia e barulhenta era o combustível da alegria deles.

Como em todo carnaval, tivemos muitos momentos engraçados e tensos, protagonizados por mulheres ciumentas, bêbados que não sabiam beber, gente que acordava totalmente pintada, histórias de pegações frustradas, e tantas outras que renderiam felizes lembranças se não fosse por um mancha irremovível.

Ocorreu um fato neste carnaval, que tacitamente, todos concordamos em não comentar enquanto vivêssemos. Porém, como a maioria não se vê há anos, e muitos perderam contato completamente, tomei coragem para quebrar o silêncio.

Teve um bloco das piranhas, no qual todos participamos vestidos a caráter e engrossando a massa suada, alcoolizada e ridiculamente engraçada.

Como se não bastasse um bando de homens se esforçando - outros nem se esforçavam tanto, já tinham um dom natural - para imitar mulher, tinha outras excentricidades, tais como fantasias de baianas, ou peitos e bundas de plástico vagabundo, biquinis fio-dental e tantas outras fruto da criatividade dos foliões. 

O mais ousado era um magricelo que vestia uma mini-saia com um mecanismo que ao levantar a saia, apresentava um pênis enorme por baixo feito de papelão, pintado precariamente e mal acabado, o que arrancava muitas gargalhadas do público.

Mas essa não foi a reação da então namorada de um dos amigos que estava por lá: ciumenta a ponto de estar grudada ao namorado até no meio do bloco, ela o largou ao ver aquele falo mal feito.

Em vez de gargalhar como todos, ela fixou seriamente um olhar estranho, hesitou por um tempo, e terminou por agarrá-lo fortemente.

Claro ficou naquele momento, que ela não havia feito o que fez como forma de recriminação por ofensa à moral e aos bons costumes, ao contrário, o que a levou aquele extremo era tão primitivo, que era anterior ao senso de pudor ou moral que hoje temos. Era mais uma demonstração do instinto atropelando valores e conceitos.

A impressão que eu tive foi que, abruptamente, a bateria se calou junto com as pessoas e, todo o planeta silenciou boquiaberto diante daquelas mãos famintas, agarradas animalescamente ao pênis de papelão do rapaz, devassado na sua dignidade.

Um mal estar tomou conta de todos: do namorado dela, do dono do pau, de quem presenciou aquele impulso e dela mesma após se recuperar da  irresistível excitação do momento.

Ninguém nunca comentou sobre o ocorrido, acho que nem o namorado cobrou alguma explicação e até nos esforçamos para nem lembrar daquela cena carregada de constrangimento.

E assim, nosso carnaval foi jogado nas profundezas do esquecimento até esse momento.



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

vovó guerreira

A avó de um amigo, nos seus quase 80 anos ou mais, fez uma coisa que eu nunca imaginaria que alguém nessa idade faria.

Não me lembro se meu amigo quando contou, falou se era manhã, tarde ou noite, quando apareceu uma ratazana na casa dela levando o terror para as mulheres daquela família que gritavam como loucas.

A confusão acabou acordando a pobre idosa que cochilava numa poltrona na varanda. Assustada,  perguntou o que estava acontecendo e lhe contaram que uma ratazana do tamanho de um gato estava dentro de casa correndo de um lado para o outro.

Instantaneamente - até hoje eu tento imaginar e não consigo - a frágil vovó que não ouvia direito, nem enxergava mais como antigamente, que tinha rugas no rostinho curtido pela idade, que se movia lentamente e com dores nas juntas, mudou a expressão de vovó dependente dos parantes, para a matriarca que fora um dia e, num salto, se pôs em pé como o Superman naquela pose de mãos na cintura e a capa tremulando ao vento, e perguntou: "Cadê ela?"

Alguém apontou para o banheiro.

A guerreira anciã, sem desviar os olhos do cômodo onde a indesejada visita estava, pegou sua perna de três que era usada para reforçar as portas das casas antigas, e falou com ar de Charles Bronson: "Deixa ela comigo".

Ignorando as netas e filhas que se jogavam em seu caminho implorando para ela não cometer aquela insanidade, ela entra no banheiro, olha uma última vez para a plateia, antes do combate e tranca a porta.

Os próximos momentos, foi puro suspense, começando por um breve silêncio, seguido por sons de passos arrastados e lentos, interrompidos bruscamente por coisas caindo,  se quebrando, vidros e louças se estilhaçando, porrada seca na parede, grunhidos, tanto da velha como do roedor... e por fim mais silêncio.

Do lado de fora, as mulheres se abraçavam chorando, temendo o pior. No entanto, as mais descontroladas que choravam mais alto ou chamavam "mãe" ou "vó", eram advertidas com gestos impacientes para que fizessem silêncio, pelas outras que não desviavam a atenção daquela porta.

De repente ela se abre, e lá de dentro sai a avó do meu amigo meio despenteada e ofegante, que pára na porta, olha para as mulheres e fala: "Pode tirar o corpo", voltando para sua poltrona enquanto arrumava o cabelo.

E quando perguntei por que aquele viadinho do meu amigo, pelo menos, não ajudou a avó a dar um fim no rato, ele respondeu: "Minha avó é da roça."




sábado, 10 de dezembro de 2011

falando com o Roberto




Um dia desses vi uma mulher falando sozinha.

Claro que já me deparei com milhares de pessoas falando sozinhas antes, afinal tem gente que fala sozinha por mania, por problemas psiquiátricos, psicológicos, espirituais, vontade de aparecer, aposta...às vezes até eu me flagro falando com o Roberto - é o que respondo para quem me pergunta se estou falando sozinho.

Porém, ela me chamou a atenção porque acho que ninguém percebeu que aquela senhora com duas pesadas bolsas de compras, uma em cada mão, caminhando lentamente rua a fora, conversava "naturalmente" sozinha, sem celular, sem fones de ouvidos ou headset... absolutamente sozinha.

Apesar de magoada, tinha a voz tranquila e segura, confiante da sua razão, interrompida pelos intervalos na respiração meio sufocada com o peso das bolsas e da idade.

Isso aconteceu quando eu passeava com o meu cachorro, que entre um xixi e outro, parou num poste próximo dela. Fiquei tão impressionado quando vi que ela não falava no celular, que o cachorro me puxava pra continuar o passeio e eu empacado, acompanhando com os olhos a mulher no seu monólogo.

Na sua ladainha ela reclamava do comportamento de alguém que não trabalhava, que não ajudava em nada, e que ainda por cima era muito mal agradecido... Entretanto, essa pessoa estava redondamente enganada se achava que seria sustentada para sempre, porque ela não era palhaça... Não sei se falava do marido, do filho, de outro parente, do passado, da novela, do trabalho, do cachorro ou de algum blog dela, mas estava desabafando.

Depois dessa mulher, mudei meu ponto de vista a respeito de quem fala sozinho, pois só vi vantagens:

1 - É melhor do que falar no celular, porque não vai depender de crédito de operadora, nem se aborrecer com mensagens de fora de área ou desligado, de sinal de ocupado, ou de toques intermináveis sem ninguém atender, não vai precisar se identificar, deixar recado e nem vai correr o risco de alguém bater o telefone na sua cara;

2 - Não precisa de outro ser humano pra discordar de você , ou fazer fofoca sobre o assunto, ou rir às escondidas, ou julgá-lo, ou não entendê-lo, ou ainda, na pior das hipóteses, até suborná-lo, nunca se sabe;

3 - Não vai precisar guardar consigo seus problemas, suas queixas, suas angústias e mazelas, mas se ouvindo passa a refletir, economizando assim, em terapia e evitando mais problemas de saúde;

4 - Na maioria das vezes, não vai causar estranheza, porque falar sozinho é facilmente confundido com falar ao celular e

5 - Nas vezes em que causar estranheza e te julgarem como louco, pelo menos você sabe que está falando como louco para não ficar louco.

sábado, 3 de dezembro de 2011

coincidências



Não existe nada mais louco do que uma inexplicável coincidência.
Se o mundo não faz sentido, a coincidência está no lugar certo, porque faz menos ainda.
Ela simplesmente acontece sem precisar de explicação ou algo que a justifique, não respeitando tempo, circunstância, distância, dificuldade... ela apenas acontece quando se menos espera.

A melhor que me aconteceu, ocorreu na época que eu tive moto: percebi que o farol da moto estava apagado enquanto trafegava por um túnel e, fui acendê-lo. Porém, no momento em que eu acionei o interruptor da moto - acho que o nome é esse - para acendê-lo, coincidentemente, todo o túnel ficou sem luz.
Instintivamente pensei: "caralho, fiz alguma merda", enquanto, tentava em vão ligar e desligar o tal interruptor na esperança de reacender o túnel.

A mais bizarra que eu me lembro, graças a Deus não aconteceu comigo, mas com um amigo que querendo esticar o horário de almoço, pediu que os seus colegas avisassem no seu trabalho a quem perguntasse,  que ele fora atropelado quando voltava. E surpreendentemente (e por coincidência) o infeliz foi mesmo atropelado quando voltava para o trabalho.

Coincidência todo mundo tem uma pra contar, até porque elas são mais comuns do que parece. Às vezes é uma pessoa que chega ou liga, no momento que se fala dela, outras vezes é ter em dinheiro exatamente a quantia que se precisa para comprar o que se quer, ou encontrar alguém em uma festa com a roupa igual a sua, e tantas outras felizes, catastróficas, insignificantes e esquisitas coincidências.  

Há quem diga que ela é uma prova da existência do destino e de  Deus, anulando o simples acaso. Ao mesmo tempo, que prova para outros a existência apenas do simples acaso, anulando destino e Deus.

Independente do que ela prova, é um fenômeno que não é exclusivo do ser humano, mas que vai muito mais além, englobando desde minúsculas partículas de qualquer coisa até galáxias desconhecidas, formadas, coincidentemente, por condições ideais.

Mas para driblar a toda-poderosa coincidência da vida, escrevi essas coisas, não por acaso, mas consciente que é para você ler.

Talvez seja o destino, ou Deus ou a falta do que fazer mesmo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

minha filha fica invisível de vez em quando

Coisas muito estranhas acontecem aqui em casa de vez em quando.

Normalmente quando estamos todos reunidos na sala, minha filha desaparece completamente depois que seu irmão - 10 anos mais velho - coloca uma toalha sobre ela, fala umas palavras mágicas e ao retirar... puf! ela some.

Quando isso acontece, eu fico procurando por ela pelos cômodos da casa, chamando o seu nome e revirando os seus possíveis esconderijos, em vão. Já sua mãe não consegue vê-la em sua frente acenando, rindo, dançando e gritando "Mamãe eu estou aqui na sua frente!".

Só quem consegue vê-la claramente é o cachorro e o irmão mágico. Nós, os pais, não temos essa capacidade e ficamos preocupados perguntando: "Cadê ela?" "Onde ela foi parar?" "O que você fez com ela?"

Misteriosamente, nessas horas, sentimos como se alguém tocasse em nossos braços, ombros, ou puxasse nosso rosto para uma certa direção como se fosse alguém chamando a nossa atenção, mas não vemos ninguém. Parece que tem também um mosquitinho sussurrando: "Eu estou bem aqui, não estão me vendo?" e risse descontroladamente.

Esquisito, também, fica seu irmão que começa a falar sozinho, como se desse ordens para alguém não mudar de canal, não pular no sofá, largar o cabelo da mãe, não empurrar ninguém e não desarrumar nada.

Coisas como canecas e outros objetos flutuam pelo ar como se estivessem sendo carregadas por alguém, o cachorro fica meio louco também, brincando animadamente com o nada... e inexplicavelmente, apesar de todos esses assustadores fenômenos, nós não conseguimos parar de rir.



terça-feira, 15 de novembro de 2011

crime inafiançável



Certa vez ouvi o relato emocionado de um primo que teve uma experiência desconcertante com seu filho, que na época devia ter cinco anos ou menos.

Mas o que me chamou mais a atenção foi a simplicidade realista do argumento que o então menino, usou para mostrar o seu ponto de vista.

A feira livre de sábado no bairro onde eles moram, vendia naquela época - não sei se ainda vende - pintinhos e a avó do meu priminho comprou dois para presentear o neto. Um amarelinho e o outro pretinho.

Levados pra casa, as avezinhas se adaptaram logo ao espaço do quintal, ao gato e ao cachorro que a minha tia também criava por lá e só entravam em casa para dormir na sua caixinha de papelão quentinha..

Meu priminho achava o máximo aqueles bichinhos fofinhos que não paravam de piar e que viviam sempre carregados pelas mãozinhas do seu dono para cima e para baixo.

Porém, ambos não eram muito bem-vindos pelos outros moradores daquela casa, que sempre lembravam ao menino que não queriam pintos dentro de casa se não fosse para dormir, que eles cagavam onde não devia, que piavam o tempo inteiro, que eram nojentos e etc.

Até que um dia, o pintinho preto, não sei por que cargas d'água, resolveu se aventurar dentro de casa e como era minúsculo, o pai do meu priminho, não o viu e, acidentalmente, pisou no pobre animal, terminando por matá-lo.

Daí segue o diálogo cômico-dramático, que apesar de não ter presenciado, nunca mais esqueci:

_ Pai, o que você fez?
_ Foi sem querer, filho. Eu estava saindo do banheiro, ele estava no caminho e eu não vi...
_ Você matou o Pretinho!!!
_ Mas foi sem querer...
_ Mentira! Você nunca gostou dele...
_Que isso, filho? Eu não matei porque eu quis, foi sem querer.
_ Você matou ele porque ele era preto! -  já fazendo beicinho.
_ De onde você tirou essa idéia?
_ Ele não tinha culpa de ter nascido preto, coitadinho... - dizia entre soluços.
_ Eu compro outro pintinho preto para você depois.
_ Ele gostava de ser preto...
_ Mas eu não vi, juro...
_ Eu gostava dele...

O menino ficou inconsolável.

Nessa altura, a mãe e a avó tentaram explicar que o pai não teve culpa, que foi uma fatalidade...
E o que começou engraçado, acabou comovendo a todos com a revolta, tristeza e inconformidade do menino.

Para o ele, na sua cabecinha de criança, isso já era um crime inafiançável.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

puta que pariu nós todos


Outro dia, numa dessas madrugadas sem sono em que costumo ligar televisão e assistir tudo que todos os canais oferecem (documentários, jornais, filmes já começados, desenhos, sacanagens, séries, clipes... qualquer coisa que me traga o sono, mas que quase sempre o espanta de vez), fui surpreendido por um som que me fez baixar o volume da tv.

Era um gemidinho feminino ritmado, que ora era alto e estridente, ora era lento e sensual e ora era quase um sussurro que ficava cada vez mais baixo até cessar completamente. "Hi, tem alguém feliz por aí!" - pensei, e voltei para a minha peregrinação de canal em canal.  Só que não ficou só nisso, de tempos em tempos, a gemeção recomeçava, eu baixava o volume e depois tudo acabava.

Já pela 10ª vez, já comecei a me sentir depressivo, pensando em marcar uma consulta sigilosa no Boston Medical Group porque eu tinha certeza que tinha alguma coisa errada comigo.

Depois de outros irritantes "ai, ai, ai", não estava mais suportando aquela situação e fui até a cozinha pra tentar me distrair, sei lá... eu precisava esquecer aquele som infernal que me jogava na cara o merda de homem que sou, que não consegue dar 12 ou 14 numa única noite, no meio da semana.

Como estava atormentado, humilhado e com minha autoestima no abissal do planeta, corri deseperado para o banheiro para niguém ouvir meus soluços de dor, quando, de repente, o gemidinho voltou.

Tapei os ouvidos com toda força, mas percebi que não parava e ficava mais claro, mais alto e se parecia mais com um miado de gato... intrigado, retirei minhas mãos dos ouvidos e confirmei: era mesmo um miado de gato, mais precisamente da gata da vizinha do apartamento debaixo.

Ufa!
Puta que pariu nós todos!


é isso que o sono faz

Quando eu era criança eu lia muito as crônicas "Para Gostar de Ler" que reuniam algumas de cinco ou seis  renomados escritores.
Li uma vez uma que falava de uma piada (acho que era piada) que o autor contava para alguém que de tão boa, acabava se espalhando que nem fogo no capim seco. Acabou rodando entre as mais variadas pessoas, de diferentes classes sociais, idades, profissões, regiões... a piada ia do convento aos prostíbulos. Quando por fim, alguém contou de volta para o próprio autor, lhe perguntaram entre sorrisos quem a teria inventado e ele respondeu que também não sabia.

Quando li isso a primeira vez, pensei se fosse eu o autor da piada eu teria dito que fui eu quem a inventou, que era minha, que eu merecia todo o mérito por ela.

Assumo que ainda penso assim, não alcancei esse grau de desprendimento das coisas. Ainda associo meu valor ao que o outro pode atribuir. Pelo menos já identifico.

Mas o que é interessante nisso é o dominio público que passa a ser dono de tudo que não tem dono e que pouco importa saber se tem, porque o objeto nesse domínio fica livre como o vento, como um vira-lata de rua, com vida própria, que se alimenta, que cresce, que se expande como uma epidemia, como um único organismo e que numa hora também, pára de circular.

Parece que todos estão mocumunados para dar vida ao que nem sempre é vivo ou tem corpo, para concorrer com o que tem e que é privado.

Somos todos cúmplices.

Chega, vou dormir.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

um dia atrás do outro.

Nada como um dia atrás do outro.

Hoje achei horrível um rascunho que outro dia achei perfeito.

E me pergunto o que me deu naquele dia pra achar legal o que hoje acho uma bosta. O que eu tenho de diferente hoje daquele dia? Fiquei mais inteligente, mais burro, menos humorado, ou mais crítico, o quê?

E mais grave: se eu mudo de opinião a respeito de um rascunho, isso é possível também a respeito de outras coisas em mim, na minha vida, ao meu redor.

Apesar dessa observação vir hoje à tona, isso não me surpreende porque sempre convivi com isso sem sacar. É o que me faz optar por esta e não aquela camisa, comida, pessoa, programa, sentimento, assunto... por mais que eu goste de azul, dependendo de uma série de coisas, posso preferir outra cor, como também posso voltar a preferir azul num outro dia.

Esse é o grande barato que move o mundo: a diferença de um se relacionando com a do outro, afetendo um outro, que por sua vez, influencia outros... e assim por diante.

Parece ruim, mas pior seria se fôssemos todos previsíveis, fiéis à nossa "programação" de fábrica e sem possibilidade de fazer diferente.

Por isso, pra não perder esse texto que hoje estou curtindo, vou postá-lo, antes que amanhã eu o ache uma bosta também.

O que importa é o dia de hoje.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"você ainda não possui este programa no seu pacote"

Outro dia estava assistisndo a um filme muito legal na tv a cabo, o que não ocorre sempre - seja porque nem todos me agradam ou porque não consigo assistir filmes na tv com tanta frequência - e já no final dele, tendo assistido desde o início, a imagem congelou e apareceu a mensagem de que eu precisava comprar o pacote tal para ter acesso àquele canal, pois eu só o tinha como degustação e tinha acabado de acabar.

Procurei o filme nas locadoras que temos acesso e não tinham mais o antigo filme.
 
Eu sei que se eu dissesse o nome dele, algúem que já o assistiu poderia me dizer, mas não é a mesma coisa, é como contar o final do filme sem a pessoa ter assistido ainda.

Também me recuso a baixar da internet o filme inteiro só para assistir os 10 últimos minutos, seria uma afronta ao bom senso e uma ofensa ao meu tempo de vida. É como comprar um carro zero para utilizar apenas o estepe... não, não consigo, é pessoal, não insista.

Parece um fato sem importância, mas isso não sai da minha cabeça, e me atormenta quando estou deitado antes de dormir, destraído no metrô, ou enquanto almoço, ou fazendo minhas necessidades, no silêncio das conversas...
Será que o assassino conseguiu enganar todo mundo e viveu impune com a nova namorada que não sabia de nada? ou ela também descobriu quem ele era de verdade e foi morta? e ele foi preso? ou morreu? ou viveu feliz para sempre?

Nunca vou saber.

Estou fadado a viver com essa lacuna pra sempre na minha vida.

Que Deus tenha piedade de mim.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

perguntinha clichê

O que é a vida?

Fala sério, acha mesmo que eu sou do tipo que viaja a ponto de responder o que é a vida?! Não que eu não tenha minha opinião a respeito dela, mas é um tipo de pergunta que deve ser feita e respondida por esótéricos, religiosos, filósofos, poetas e donos da verdade.

Pra mim não importa saber o que é a vida, porque isso depende do estado de espírito de quem responde, que pode ser boa pra que está numa boa ou ruim para quem está na merda (e não me refiro a situação financeira apenas).

Acho que a resposta para essa pergunta daria um livro abrangendo todo tipo de assunto e ainda assim seria tão somente uma resposta hipotética.

Entretanto, fica no mínimo esquisito eu não responder essa pergunta se fui eu mesmo quem a levantou, então lá vai: Como hoje o meu momento é bom, posso dizer que a vida é uma coisa boa.

Seria pior se não existissem pessoas, momentos e coisas boas ao meu redor para equilibrar com as pessoas, momentos e coisas ruins que também estão por aqui.

É isso aí.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

fazer ou não fazer?

"Estou sem ter o que fazer nesse momento."




Essa frase mexe com o outro de uma forma que ele logo mostra que se tem mil coisas para fazer, mas que nem ele mesmo, nem quem não tem o que fazer, querem fazer, como lavar, passar, estudar, capinar e outras tantas que ninguém quer fazer em momento algum.



Não sei se sugerindo coisas pra fazer, o outro está querendo ajudar a acabar com o tédio da falta do que fazer, ou se está com inveja por ter o que fazer quando não queria e, irritado, tenta acabar com esse "privilégio" de não ter o que fazer alheio.



Fazer. - ação; ato que sugere esforço, movimento (definição minha, não é do Aurélio não)



Não Fazer - omisão; contrário de ação; ato que não sugere esforço, movimento, porra nenhuma.



Apesar disso, não se engane: Fazer e Não Fazer não são opostos inimigos, pelo contrário, são opostos que se atraem, por que não dizer até namorados, pois estão inevitávelmente ligados, seja porque depois do Fazer, só resta Não Fazer, ou porque Não Fazer, cedo ou tarde, vai gerar um Fazer. Além de que, em alguns momentos Não Fazer tem um resultado melhor do que o Fazer e vice-versa. Pra mim estão mais para sinônimos do que para antônimos.



Então Faça amor, Não Faça guerra; Não Faça o mau, Faça o bem; Não Faça errado, Faça certo...



E por falar nisso, vai procurar o que fazer, pô!

domingo, 16 de outubro de 2011

Com o rabo entre as pernas

Oi, blog, voltei.
Estou meio sem graça de ter ficado tanto tempo sem te ver. Tive uns problemas aí... depois deles, fiquei com preguiça (aquela preguiça que eu falei nas primeiras postagens), outras vezes foi o esquecimento e por fim a vergonha.
Isso mesmo, blog, senti vergonha de voltar a escrever depois de tanto tempo ausente num blog que eu curtia tanto... Pior ainda com as injustificáveis razões que mencionei nas linhas anteriores. Você me conhece, não adiantaria mentir pra você.
Apesar disso sabia que um dia voltaria, que te veria cara a cara, com o meu rabo entre as pernas, pra te explicar essas coisas. Tenho vontade de te falar que não pretendo continuar sumindo, mas acho que se eu disser isso e sumir, vou me sentir pior do que estou, porque não está no meu controle sumir ou não.
Pode parecer insensivel da minha parte, mas eu queria que vc entendesse... É difícil para caralho ser humano.
Mas também não quero deixar nossa relação com essa rachadura, por isso eu te afirmo, brow, vou estar por aqui sempre que puder.

domingo, 4 de setembro de 2011

Baltazar sou eu

Fiquei sem escrever desde o dia 01/09 e fiquei sentindo que precisava escrever. Não que eu tivesse alguma coisa importante pra falar (até porque não é essa a intenção do blog), mas porque sem perceber, me coloquei na obrigação de fazer isso sempre que pudesse. 

Preciso deixar claro algumas coisas pra mim: esse blog é para me descontrair e não me estressar; escrever deve ser por prazer e não obrigação, senão de prazer vira realmente obrigação e eu funciono muito mal por obrigação e no dia que eu não quiser, eu não escrevo e pronto, sem culpa, sem estresse, Baltazar sou eu.

Mas também não é à toa esse receio, eu sou do tipo que se deixar de fazer uma coisa uma vez, fica cada vez mais difícil voltar a fazê-la. Igual a todo mundo.

Pode ser que esse meu lado mais cricri tenha razão, afinal ele me conhece muito bem. Porém eu estou curtindo tanto essa coisa de escrever, que acho que estou mais no prazer do que na obrigação.

Vou falar um pouco da minha filha:

Ontem morremos de rir: baixou uma personal stylist na minha filha que fez altos penteados na mãe dela com direito a maria-chiquinhas e prendedores com florzinhas coloridas, restando a mim a torturante escova arranhadora de couro cabeludo, que ela preferiu dizer que era para "pentear meu pouquinho cabelo". 
Logo após me arrastou para o quarto e me fez vestir uma camisa de malha azul com uma gravata meio vermelha, e ainda me disse como eu deveria posar para a foto abraçando a mãe dela que estava linda na sala me esperando. E ela ainda me explicou como deveria ser o sorriso que eu tinha que fazer.
O mais engraçado de tudo, é que as coisas se inverteram: nós que ríamos sem parar e ela quem nos chamava a atenção séria e concentrada, nos instruindo. 

Já ia terminar, quando ocorreu um fato super fofo: minha filha, depois de ver o programa Meu Cachorro Comeu O Quê?, onde passam histórias de cachorros que comeram agulhas, dinheiro, talher e outra coisas inimagináveis,  começou a chorar. 
Perguntei o porquê e ela me explicou que não queria que o nosso cachorro aparecesse naquele programa também. Dei um abraço nela, mas não tive coragem de mentir dizendo que o nosso cachorrinho não come besteira, até porque ela já testemunhou isso várias vezes. 
Essa preocupação é até uma coisa boa, vindo de uma criança que protagonizou o seguinte diálogo dramático com a mãe na primeira semana do cachorro na nossa casa: "Mamãe, ele um dia vai morrer?" "Vai, filha, mas vai demorar, só quando você tiver mocinha. Por quê?" "Eu queria que ele morresse logo porque eu quero um papagaio." 

Depois dessa, encerrei por hoje.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ciclo de rabugentisse



Acordei fazendo contas.

Fiquei de mal humor. Mas uma pontinha de lucidez dizia pra ignorar isso, que vou me sentir melhor de bom do que de mal humor, mesmo que isso também não pague minhas contas.

Ficar puto vai dar início a um ciclo de rabugentisse envolvendo todo mundo que eu tiver contato e retornando pra mim, como todo ciclo, me deixando mais puto ainda.

O próprio aspecto de alguém puto já é um desgaste: sobrancelhas serradas, expressão de impaciência, tom de voz agressivo, gestos ríspidos... praticamente um animal furioso.

Sem falar do que se passa dentro da pessoa, que é um sentimento de raiva que extrapola o próprio motivo que desencadeou o mal humor, se alimentando de coisas já passadas, trazendo à tona o que deveria ser dito ou feito em outros momentos, anulando o perdão, especulando sobre como agir agressivamente em situações que nem ocorreram ainda... O tempo inteiro acompanhada de mesquinharia, prepotência, desrespeito, orgulho... enfim, a raiva é irracional, doentia e nociva para quem sente.

Por outro lado, evitando-a, se retira toda essa negatividade da pessoa, do seu dia, da sua vida, restando uma mente mais abertura para o prazer, para dar e receber ajuda, ver com outra perspectiva os problemas e até a vida.

Claro que raiva é inerente ao homem, mas não é preciso alimentá-la.

Existe muita coisa boa a ser curtida sem raiva, o blog do Baltazar (claro) é uma delas.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

vai assim mesmo, que se dane!

Fiquei de falar de outras coisas na postagem anterior, mas acho que não tenho nada pra falar. O que não deixa de ser bom também, porque quando a gente acha que não tem o que falar, acaba falando alguma merda.

Ontem minha esposa divulgou o blog no Facebook, e se você está lendo isso agora, é por causa dela, ou melhor, por culpa dela. Até queria agradecer as pessoas, as milhares de pessoas que postaram alguma coisa lá sobre esses devaneios meus quando não tenho coisa melhor pra fazer. Isso não vai me deixar mais rico mas, com certeza, mais tímido.

Essa história de blog me lembra muito um diário, só que o diário você escreve pra esconder das pessoas, enquanto que o blog, o contrário. Não sei qual dos dois é mais retardado. Acho que o diário, porque no fundo, no fundo foi feito para outra pessoa ler também, se não fosse assim, a pessoa queimava o que escreveu assim que terminasse, sem correr risco de ser "surpreendido" por algum bisbilhoteiro.

O blog também não fica atrás: é uma espécie de conversa - no meu caso - comigo mesmo, em que eu pergunto, respondo, acho graça, critico e no final eu falo: vai assim mesmo, que se dane!
E o pior é que tem maluco que lê, como você.

Pelo menos num blog a pessoa pode falar suas abobrinhas sem interrupções, o que não acontece numa conversa com mais de 3 pessoas, onde a briga pela palavra vira uma questão de honra, e que às vezes, só de sacanagem, todo mundo se une para interromper o mais empolgado.

Por falar nisso, já reparou que nessas conversas sempre tem um líder que, pra quem ele olhar, ele está, implicitamente, dando a palavra. E se ele transfere o olhar para outro, todos param de dar atenção para o infeliz que tinha a palavra e olham para o outro que foi promovido,  restando ao antecessor se calar ou conversar paralelamente com algum interessado num tom mais baixo pra não interromper a conversa oficial.

 Às vezes a liderança é desafiada e ocorre um duelo: o líder e o oponente falam ao mesmo tempo, cada vez mais alto com os demais ou um com o outro, ignorando o que está sendo dito pelo outro.Vence aquele que ganhar a atenção.

Ainda tem os que apelam utilizando desde os irritantes toques no ombro até pegar a pessoa pelo queixo e direcioná-lo pra ela. Esse, amigo, é o candidato a ser interrompido sem piedade pelos demais.

Mas o que é pior do que isso é o telefone. No telefone não tem a expressão visual da conversa teti-a-teti, que define quem deve falar ou calar a porra da boca. Aí a pessoa é obrigada a ouvir a outra repetir a mesma história 10.000 vezes ou ouvir o que não lhe interessa porque não consegue fazê-la entender que ela já passou da hora de falar. E num ato desesperado, se interrompe o interlocutor chato, falando junto com ele. Quando a pessoa faz isso, ela pensa: eu não vou parar enquanto ele não calar a porra da boca e me ouvir - que tensão, meu Deus - gerando as inconvenientes: hein? o quê? como? o que você falou antes? Não entendi.

Seja por carta, chats, sinais de fumaça, mensagens em garrafas ou telepatia, sempre haverá falhas, por que o problema não é a mensagem, mas o mensageiro (e o meio de comunicação).

Vai assim mesmo, que se dane!


terça-feira, 30 de agosto de 2011

coisas pra falar

Hoje já tenho coisas pra falar. 

A primeira é da decepção ao descobrir ontem na novela Fina Estampa um personagem com o nome de Baltazar. 
Achei sacanagem, não queria que o meu blog fosse associado à novela da Globo, nada contra a novela (ou tudo), mas esse nome - coloquei isso na cabeça - era quase uma exclusividade minha que fiquei horas pensando, escolhendo e cheguei a esse nome feito para blogs, que se encaixou perfeitamente. 
Aí me sento na sala da minha casa, que por um acaso estava com a televisão ligada nessa maldita novela e ouço aquela atriz do filme Divã forçar um "Ô Baltazar" no sotaque mais macho que ela conseguiu. Fiquei mal, me deu até vontade de trocar o nome do blog. Mas me mantive fiel à minha certeza de que Baltazar é e sempre será nome para blog.

Até mesmo procurando o meu blog no Google - que só consegui descobrir agora como se encontra - até encontrei blog do Luan Baltazar, um Baltazar que se orgulha de ser surdo, vereador Baltazar... e outros que realmente são Baltazar desde que nasceram, que alguém teve a coragem de lhes dar esse nome. Meus "xarás" que me desculpem, mas pra mim o nome foi feito para ser pseudônimo para blog.

Além do mais, o próprio nome - que eu cansei de repetir - tem uma coisa estranha: sabe algumas palavras que te lembram outras nada a ver, pois é, acho que Baltazar lembra uma asa de esperança, aquele grilo verdinho mesmo. Passa uma coisa meio frágil, meio bonita, meio curiosa, meio verde... me vem logo na cabeça uma asa de esperança. Não sei explicar direito o porquê disso, acho que é o ...zar. Mas não me lembra mar, não me lembra branco, nem mesmo uma pessoa... mas uma asa de esperança. 
Acho que se o blog se chamasse Asa de Esperança ia ser legal também, mas o seu sinônimo - Baltazar - é melhor. 


Outra coisa que eu queria falar é de um passeio bucólico que fiz com minha filha, sua amiguinha e o pai dela à Floresta da Tijuca no sábado à tarde. 
Muito bom, estar numa floresta é um privilégio. Sentir ar puro, estar em meio ao verde, ouvir os sons das aves, deixá-las fazer comidinha com barro, folhas, água, mostrar uma casca de uma cigarra ressecada, formigas enormes do tamanho de um gato (brincadeira), cotias e quatis. 
Claro que na floresta se vê mais animais como macacos, periquitos, papagaios, tucanos, besouros, lagartas e toda a arca de noé, mas nesse dia vimos só isso, e bastou, porque os quatis praticamente nos expulsaram de lá. 
Primeiro apareceu um gordão lá longe se enfiando numa lixeira da prefeitura, depois outro e outro, mais outro... e de repente toda a gangue estava aterrorizando as famílias com suas garrafas pets. Uma delas, que fazia um piquenique, viu que não adiantava resistir e saiu correndo aos berros - principalmente as duas meninas de 8/10 anos mais ou menos. 
Depois sua fúria se virou contra nós, que ficamos cercados por uns 20 quatis querendo revirar nossas coisas à procura dos biscoitos e bolos Ana Maria das meninas e seus sucos de caixinha. Claro que minha filha estava em cima da mesa - lá tem mesa de concreto - fazendo um escândalo. Eu para acalmar os ânimos repetia sem convicção: "Eles são bonzinhos só estão curiosos com a gente." 
Pra tentar me conciliar com eles ofereci um biscoito wafer pra um deles - o mais fofinho - que com certa desconfiança deu uma bocadona que  estalou o biscoito - apesar de que biscoito wefer estala com qualquer mordida - mas vindo de um quati dá medo. 
O meu amigo, pai da amiguinha da minha filha, estava chorando muito e fomos embora pra ele se acalmar.
Tudo, claro, o tempo todo, regado com mordidas de mosquito por todo o corpo, mesmo com repelente.

Tem mais coisa pra falar, mas falo em outro momento.

Fui.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

é melhor não fazer do que fazer mal feito

Pra escrever por escrever, com pressa, sem idéia, sem saco, é melhor não escrever. 
Estou dividido entre a minha preguiça que não me abandona e a empolgação do 2º dia de blog.
A preguiça venceu, volto amanhã.

domingo, 28 de agosto de 2011

PRIMEIRO DIA DE BLOG

Primeiro dia. 

Não sei muito bem o que escrever, sabe como é... infelizmente estou preocupado com quem vai ler e estou meio tímido. Mas é porque é o primeiro dia, depois eu escracho.


Vou falar do Baltazar. 

Eu não conheço ninguém com esse nome, acho que se conhecesse deveria ser alguém com mais de 50 anos, não que não exista os Baltazares mais novos, mas eu acho que cada nome é mais adequado para certas faixas etárias, tipo Tatiane - que parece que foi feito só pra criança e adolescentes foguentas; Adelaide - que foi feito para quem tem mais de 70; já Pedro é comum para criança, adolescente, adultos de meia idade e idosos. 
Faz um teste pra ver o que fica mais adequado : "Dona Adelaide, eu ajudo a senhora"  ou  "Adelaide, desce daí, garota maluca!"; "Cadê a Tatiane do pai?"  ou  "Dona Tatiane, a senhora tem quantos netos?"; já Pedro - pro Pedro cria você umas frases que é mais rápido você imaginar do que eu digitar - , mas você vai concordar comigo. 
Mas voltemos ao Baltazar, acho esse nome engraçado, enigmático, e perfeito para pseudônimos. 
Me passou agora uma ideia maluca de se fazer uma pesquisa para saber quantos Baltazares da internet, são Baltazares de verdade. Acho que ninguém perderia tempo tentando descobrir isso, mas se pesquisassem veriam os inúmeros Baltazares falsos como eu.
E por falar em tempo, eu preciso aproveitar o meu pra ir na padaria agora.
Até mais.